Domingo com chuva faz a gente se encolher. É bom de enroscar na coberta, é dia de fazer silêncio.
Domingo com chuva faz a gente olhar pro nada e olhar pro nada faz a gente olhar pra dentro. É dia de saudade.
Domingo com chuva é dia de preto e branco, e o frio de fora convida a visitar os invernos de dentro.
Domingo com chuva é dia de andar pela casa, e no eco dos próprios passos preguiçosos guardar o que vai tropeçando, fora do lugar.
Domingo com chuva é dia de passear pela própria história, rir e chorar, visitando instantes que foram marcos do nosso próprio enredo.
Sempre acreditei que toda vida é um drama e toda família uma saga, basta saber contá-las... domingo com chuva é dia de rascunhos.
Se essas linhas parecem tristes, cinzas ou sombrias, escutem Manoel de Barros;
“...E aquele que não morou nunca em seus próprios abismos nunca será exposto às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”
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