O desejo só tem lugar na primeira pessoa do singular: eu desejo que eu... É um caminho solitário de realização, acompanhado pelo medo de não dar conta e pelo medo à ameaça de banimento. Estamos diante do próprio risco de existir, e não é possível transferi-lo a nenhum outro, como uma nota promissória. Essa é a estrada do sol e são esses medos que nos fazem titubear. Protelamos a nossa promessa de pagamento procurando avalistas que nos garantam. Pois não há garantias, muito menos alguém que nos garanta.
Ao outro, na melhor hipótese, fazemos uma demanda, à qual podemos ouvir sim ou não como resposta. E aqui começa a negociação e a barganha... Apostando na garantia do afeto vamos abrindo mão das nossas escolhas e elegendo culpados por isso. Na expectativa de um lugar seguro – a permanência em lua – transformamos um píer, ancoradouro de abastecimento, em prisão, viramos reféns, não do outro, mas do nosso medo de navegar.
Dizer que, por amor, não realizamos nossas verdadeiras escolhas seria transformar o amor em algoz. Ele não merece isso. Nem nós.
Yorumlar