Ali, na hora da despedida, vislumbramos a próxima estrada como feita de pedra e areia – deserto e desfiladeiro? É a dimensão do vazio que dói tanto? A ausência do outro – objeto do investimento afetivo, que foi perdido?
Ou é o sentimento de ser preterido o que mais fere? O saber que não se é mais desejado, antes mesmo de se perguntar se deseja ainda? É a dor de quem fica que dói mais? A ferida narcísica, exposta a céu aberto...
Pode ser ainda o aborto do sonho sonhado, a estrutura que prometia uma vida previsível, organizada até nos defeitos que já nos eram íntimos e que emergiam no meio do dia cumprindo seus ciclos que pensávamos saber onde sempre iam dar.
Revivemos um desamparo primário, descortinando a fantasia de que não estamos sós. Falhados, falhamos na tarefa de enganar a incompletude que nos acompanha. É isso então a dor que nos desarruma: a falência de uma ilusão?
Difícil achar a resposta. O pacote completo parece guardar o enigma recortado como peças de um quebra-cabeça; ou seria melhor chamar de quebra-coração?
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