Essa questão nos foi colocada numa aula de Marcelo Costa @marcelo_astrologia sobre “amores gregos”. Ainda que haja divergência entre autores sobre o número exato, sabe-se que são várias, cada palavra designando um amor diferente.
Philia é uma dessas palavras. Diz-nos de um amor que se constrói pela confiança, pela estabilidade e permanência. Livre de competições, ele se estabelece pela troca equitativa de afeto. Ignora o tempo, dele se valendo para um amadurecer junto com o outro. Tece sua rede também na oferta de conhecimento, no prazer de “trocar ideias”...
Quando traduzimos Philia por amizade, precisamos cuidar para não banalizar essa palavra, diminuindo seu verdadeiro valor. Não estamos falando de camaradagem, de zoação, da galera; e sim de uma dimensão amorosa, e que como tal, nasce da nossa falta, da nossa incompletude.
A BBC News publicou recentemente uma matéria sobre os melhores amigos que compartilham a casa e as finanças.
Aqui no Instagram, muitos comentários se referiam a isso como uma romantização da pobreza, única justificativa que daria sentido a tal prática; ou como a “invenção” de uma prática que já era velha. – os “companheiros de quarto”...
Mas isso me parece reduzir a questão da nossa necessidade de laços afetivos para sabermos de nós mesmos.
Precisamos de testemunhas da nossa história, de companhia pros nossos silêncios e angústias e também, é claro, do riso compartilhado – de nós próprios e do mundo.
“A família, no Contemporâneo, não se define pelos laços sanguíneos, e sim pelos afetos”.
Ernesto Anzalone @ernesto.anzalone
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