É preciso ter ouvido apurado para escutar o que a palavra guarda e o que a palavra esconde e ser um bom separador de joio e trigo; pra jogar fora as firulas e sublinhar as repetições.
Exige-se que esteja “antenado”, o Zeitgeist nos indaga o tempo todo sobre estarmos (ou não) estacionados em algum tempo-espaço, perdendo o bonde da vida; e olha, pouco importa a idade.
Numa mão, é necessário levar alguma lucidez pra não confundir seus próprios valores com dogmas diante das diferenças; e na outra, coragem, pra avançar no desconhecido que se apresenta em cada falante que lhe dirige a palavra e o amor.
Dispensam-se compaixões, pieguices e moralidades; o cru e o nu vão te convocar para que se sente à mesa. Mas é preciso humor e, de preferência, alguma poesia, para não cair na besteira de confundir seriedade com severidade já que supereus precisarão de retoques, quiçá de retificações.
Promete-se o amor, mas cuidado! O imaginário é um luxo traiçoeiro, ama-se o jogo que se pratica ali, não você; e somente nesse destituir-se você poderá ocupar um lugar. Pra suportar a transferência esse é o melhor dos avisos. A sedução – barata ou sofisticada – será sempre uma tentação.
Deve ser bom catador de significantes. Eles contam a história e é preciso laçá-los para operar outras direções.
Por fim e, sobretudo, deve se ocupar de ser causa de desejo. Suportar esse lugar pode exigir suportar o assombro, o seu e o do analisando, e para isso é proibido confundir moral – o conjunto de regras de uma comunidade – e ética – a responsabilidade de cada um na realização do seu desejo – afinal você só serve pra isso: levar o outro até o portão diante dos caminhos que uma análise descortina.
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