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Foto do escritorEliza Maciel

Peço licença para falar de amor...

Essa foto foi tirada meses antes do meu pai, definitivamente, se despedir. Sem que eu soubesse disso, ela me comoveu pelo que há de prosaico nela – dois velhinhos de braços dados rumo ao mercado, com seu carrinho de feira. O passo curto avança, lento, ao seu destino; enquanto a tarde vai cedendo ao neon que acende a noite. Tudo nela é ocaso. Tudo é despedida, menos o amor – esse sentimento que inunda apesar de...


Não é exatamente no apesar de... que o amor se inscreve? Num ponto qualquer que pode suportar a diferença, as impossibilidades, os tropeços da história? Não é sempre assim? Na insistência de permanecer, em silêncio, quando a palavra cansa, ou não cabe?


Às vezes me pergunto: então, quando o amor morre? A única resposta que encontro mora num determinado esquecimento – o dele próprio. A única exigência que o amor faz, e essa sem nenhuma condescendência, é a de lembrar a quem se ama sobre esse sentimento que não obedece à economia. A lealdade ao amor está em honrar sua existência, e isso, necessariamente exige que o outro se reconheça nele.




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