Não sei dizer o que foi mais inspirador, a frase de Saramago ou o título do livro. De repente fui invadida por uma torrente de lembranças. Tantos são os nomes da minha vida... Parte deles já são, estranhamente, saudade. Estranhamente, porque seguem me habitando como se tivesse conversado com eles anteontem. Fazem parte da minha vida, como fazem meus netos, que chegaram há poucos anos.
Passeando por esses encontros revisito grandes lições, algumas em gestos aparentemente pequenos; outras em palavras que podiam ser amorosas, mas também podiam ser duras. Tenho uma lista rica de nomes que me construíram. São os encontros que contam a minha história, que marcam meus tempos, e me localizam neles. Foram os encontros que me esculpiram – parte erosão, mas outra parte sedimentação, como camadas de pedra calcária que vão mudando continuamente a geografia do meu litoral. Guardam fósseis-segredos, conchas-abraços e as areias da minha ampulheta.
O amor e suas declarações, quando retirados do circuito de seus personagens, são sempre piegas, são sempre ridículos. É que o amor dói, no prenúncio das despedidas.
Vivi muitos amores. Amores-riso, amores-pranto, amores-drama, amores-amigos, amores-sexo, amores-fêmeas e machos, amores-filhos, amores-machucados, amódios. Todos eternos, não importa o desfecho, acontecido ou ainda por vir, no próximo adeus.
Saramago, Saramago... quantos passos pro próximo encontro com quem já me habita? Uma das últimas lições que tive foi a de contar os encontros em minutos, preciosos minutos que não podem ser desperdiçados.
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