Já vivemos, e por muito tempo, num mundo binário, organizado pelo falo e pela ordem do pai. E sabemos que esbarramos na resistência a essa mudança quanto mais ganhamos no mundo outras expressões da subjetividade e da identidade de gênero. Natural, ainda que triste; a história nos mostra que sempre foi assim: A mudança gera a resistência, muitas vezes violenta e brutal, por parte daqueles que se sentem ameaçados pela perda de seus privilégios, antes estabelecidos e garantidos.
A cultura do grito e da violência é, no final, sempre uma cultura do desespero. E quanto mais ela se ergue, mais os psicanalistas são convocados a assumir uma posição política de defesa das singularidades, e de uma razão sensível – coisa do feminino – como a única possibilidade.
É do feminino que emerge, para além do fálico, a possibilidade de sustentar a falta que nos constitui como sujeitos que buscam respostas na vida, sustentar assim a diferença e a necessidade de invenção, de criar outras vias para se expressar e para estar no mundo.
No masculino ficamos presos ao algoritmo do “ter ou não ter”. É no feminino que podemos transcender para o “existir – a que será que se destina?”
E desse lugar toda expressão singular é digna.
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