Recebi esse comentário no post de 11 de outubro, nesses dez meses em que engatinho no Instagram, essas palavras me abraçaram.
“(...) a postagem me chamou atenção pela citação a Nietzsche, (...) quis conhecer mais e fui na Bio, surpresa vi a menção à Astrologia. Daí pensei: ela tem coragem, poucos profissionais admitem qualquer ligação com uma “pseudociência”, finalmente li sua apresentação no site. (...) parece que você vive o que fala, poucos têm essa disposição, mesmo entre os profissionais analistas.” @iryna.seva
Eu acho graça quando escuto a frase “eu não acredito”... e ela já me foi oferecida tanto para a Psicanálise quanto para a Astrologia, e também pelos analistas sobre a Astrologia. É comum que venha acompanhada de certo desdém, um olhar de desconfiança e de desqualificação. Um dos argumentos é não serem, ambas as teorias, cientificamente comprovadas, como se os números não oferecessem entrelinhas e na ciência não houvesse “buracos negros”...
Num saber e noutro estamos pisando no campo da observação. Debruçadas sobre a subjetividade humana, dialogam com a Filosofia, a Mitologia e outros saberes que pensam a nossa existência, os conflitos e sintomas que nos acompanham.
É preciso dizer que os psicanalistas e os astrólogos carregam parte da responsabilidade de suas próprias maldições. Os primeiros por terem se encastelado num discurso hermético; ou justo ao contrário, numa autorização de práticas do chamado bom-senso; quando a Psicanálise é o avesso disso. E os segundos pelas associações com o Ocultismo, ou por um determinismo que pretende enquadrar a vida humana em axiomas.
Em seu comentário, Iryna atribui a mim “coragem”. Se coragem for uma travessia através do medo, em busca do exercício da singularidade da minha existência – esse eterno vir a ser, que nunca se completa – agradeço a atribuição. Guimarães Rosa já tinha nos avisado que é isso que a vida exige da gente.
Muito obrigada, Iryna, pelo abraço.
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