Por aqui a gente já falou de chegada – dos netos, dos anos, dos tempos da vida – e a gente já falou de partidas – de amores, dos pais, dos filhos que saíram de casa. Por aqui a gente já falou de desejos, obrigatoriamente conjugados na primeira pessoa do singular, intransferível, e também já falamos de demandas, que dirigimos ao outro a partir de nossas incompletudes.
Por aqui a gente já falou de conquistas, aqueles momentos em que a vida deu certo, pra logo depois trazer sua próxima pergunta, susto ou medo; e já falamos de derrotas, lições inevitáveis de quem se arrisca a viver.
Por aqui a gente já falou de encontros, essa mágica que começa nos olhos, quando veem o outro por quem, por algo indizível, somos capturados. Já fomos obrigados também a falar de guerras, quando nossos demônios tomam o centro da palavra, vociferando contra o insuportável que é lidar com a diferença.
Por aqui já falamos da legitimidade LGBTQIAPN+, e do respeito como o mínimo a ser exigido, por que a nossa opinião não importa nada quando se trata da vida e da singularidade do outro.
Já falamos da incompletude a que somos condenados pela própria existência, e então da busca por algo que sempre nos escapa, e que muda de nome, mimetizando o impossível.
Falamos de liberdade, de mulheres e do feminino. Falamos de amarras, sintomas e negociações. Falamos…
Cada um desses assuntos me atravessa como uma flecha. Neles, não descanso, ao contrário, sou revirada. Acho que isso é a vida. A vida que vale a pena, mas que ora machuca, ora inquieta, ora suplica, ora provoca.
Por isso, é bom não perder de vista o que @lucaslujan nos oferece como lembrança:
“No fim, sou sempre eu quem cuida do que sobra de mim”
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