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Foto do escritorEliza Maciel

Amar e trabalhar: Freud e os dois pilares

A gente já falou da peça que falta e que nos coloca sempre no jogo da vida. A toda hora a gente fala disso. Na verdade, ela falta mesmo e lembrar-se disso aquieta um pouco a angústia da eterna insatisfação. É para sermos insatisfeitos.


A gente também já falou da busca pelo encontro, de abrir o diafragma para deixar o ar e o outro entrar, da impossível perfeição do encaixe, mas que ainda assim, ansiamos pelo amor – um dos pilares sobre o qual sustentamos a vida.


Qual o outro? Sobre o que mais erguemos nossa construção de nós mesmos? O trabalho – nos respondeu Freud.


Nossa cultura há muito atrelou o trabalho a resultado – dinheiro e status. Mas, há um outro viés, subjetivo, impossível de ser quantificado, que chamamos de realização e que nos oferece não o “vale quanto pesa”, mas uma direção na inquietante e permanente busca de um sentido que nos justifique.


E conseguimos achar esse sentido? Quem é que sabe? Maria Bethânia, no show Pássaro da Manhã, em 1977, recitava um texto de Clarice Lispector do qual retirei o fragmento:


“(...) Esse show é feito em estado de emergência e de calamidade pública.

Trata-se de um show inacabado porque lhe falta a resposta. Resposta essa que eu espero que alguém no mundo me dê (...)”


É assim, caminhamos no inacabado, buscando respostas.



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